Obra de Paulo Freire volta a ser citado e criticado pelo Ministro da Educação Milton Ribeiro
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"Se nada ficar destas páginas, algo, pelo menos, esperamos que permaneça: nossa confiança no povo. Nossa fé nos homens e na criação de um mundo em que seja menos difícil amar." – Trecho de "Pedagogia do Oprimido", Paulo Freire.
Como todos conhecemos, Paulo Freire foi um marco importante para a educação brasileira, conhecido pelo método de alfabetização de adultos onde conseguiu desenvolver um pensamento pedagógico que defende a conscientização educacional estudantil. Durante a ditadura militar, foi preso e exilado e em 1994 cedeu uma entrevista explicado que a história molda os discursos. Se ainda estivesse vivo, estaria completando 100 anos de idade em 2021.
Hoje em audiência pública na Câmara, o Ministro da Educação Milton Ribeiro, retornou com críticas ao escritor e um dos parlamentares que estava no local, deputado Elias Vaz do PSB-GO, retrucou as declarações que o deputado fez contra Freire.
Em rede, Milton fala - "olha a que pé chegou a educação pública brasileira quando abraçou de olhos fechados algumas pedagogias. Não o avalio tão positivamente assim como o senhor. Respeito a trajetória desse educador, mas as evidências mostram que o modelo proposto nos últimos vinte anos foi um desastre em termos de educação". Porém, antes de completar sua fala, foi interrompido por Vaz que questionou a dificuldade de citar o nome de Paulo Freire durante a fala do deputado.
A discursão deu prosseguimento até que a presidente Bruna Brelaz da UNE - União dos Estudantes opinou o debate criticando a gestão do MEC e a lacuna orçamentária voltada para as políticas públicas. Ela conta durante o evento que "os estudantes não conseguem manter o ensino superior sem o apoio governamental e que é necessário a recomposição orçamentária para 2022, já que são mais de 70 mil alunos com bolsas de estudo atrasadas".
A Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara convidou o ministro para esclarecer a extensão de institutos federais de educação, mas que vem sendo veemente criticada por ser apenas reitores alinhados com o governo, mas Milton Ribeiro nega as críticas falando apenas se tratar de objetividade benéfica para lugares que não possuem universidade ou institutos federais.
"É uma diretriz para reduzir a distância entre os campis e a reitoria, que é a sede, e otimizar unidades de ensino e matrícula. É uma expansão da rede federal e que democratiza o acesso e busca a promoção social", diz o ministro. O projeto é criar seis institutos federais e cinco universidades distribuídas entre São Paulo, Paraná, Goiás e Rio de Janeiro para as instituições e Piauí, Maranhão, Espirito Santo e Amazonas para as universidades.
Para a oposição, não se trata de novas vagas e cursos, apenas de uma divisão existente e que gera ainda mais ressalvas com a escolha de reitores por ideologia política sem realmente ter como foco principal atender as necessidades básicas de ensino.
Ana Carolina Pavan