A realidade da mãe solteira no âmbito trabalhista do Brasil
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O IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, divulgou dados relacionados a mães solos no Brasil, onde chegam a ser 11 milhões de mulheres que cuidam dos seus filhos e administram a casa de uma única vez, além de se preocuparem com a renda para manter toda a estrutura familiar.
Essa realidade já era difícil antes da crise do Covid-19 mas, com a pandemia e a necessidade de atividades remotas, tudo ficou ainda mais complicado. Os filhos passaram a ter aulas em casa, a jornada de trabalho precisou se dividida entre casa, filhos e atender as necessidades da empresa e principalmente o aumento de desemprego que cresceu 14,1% durante o segundo semestre de 2021 segundo os dados do IBGE/21.
Existem outros agravantes no universo das trabalhadoras que dificultam ainda mais a permanência e o encontro de empregos. Vários são os relatos de mulheres que contam terem sofrido algum tipo de preconceito no ambiente coorporativo e assédios morais nas entrevistas de seleção, inclusive durante a licença-maternidade que é um direito adquirido a toda trabalhadora em puerpério ou necessidade médica de descanso.
Nesses famosos bate-papos de emprego, onde o entrevistador faz perguntas para saber se a candidata se encaixa no perfil da empresa, são frisados questionamentos como "se a mulher possui filhos e como a criança será cuidada caso consiga a vaga". Na maioria das vezes, essas candidatas não são contratadas. Não existe uma preocupação genuína com o bem estar da criança, existe a preocupação de que aquela profissional ficará ausente do trabalho, que irá gerar para o empregador despesas que poderiam ser evitadas.
Foi pensando nesses casos que nasceu o Projeto Contrate uma Mãe com o objetivo de engajar as mulheres, jovens ou não, mães novamente no mercado de trabalho, dando-as oportunidade de falar sobre suas qualificações, cadastrar seu currículo e até mesmo apresentar pontos positivos que a maternidade trouxe para a vida profissional. Além de incluir essas candidatas, há também vagas para PCDs - Pessoa com Deficiência e foi incorporado recentemente ao Instituto NATUS - Instituição sem fins lucrativos - que é o responsável por essas vagas.
O importante é que, apesar dos índices serem desanimadores, o processo seletivo anda sendo mais humanizado e inclusivo. Roberta Costa cedeu uma entrevista ao Bebê.com onde fez a seguinte afirmação: "[...] Vejo um movimento grande acontecendo, de maior receptividade em empresas e de mulheres em cargos de liderança, e acho isso ótimo. Mas muita coisa ainda precisa ser feita na base, porque quem está lá em cima, tomando as grandes decisões, muitas vezes veio de uma outra cultura. Tomara que isso mude".
Mulheres sejam mães solos, casadas, viúvas ou solteiras, não deveriam ser classificadas no trabalho pelo seu status, afinal de contas qualificação se garante através de especificações e educação. Qualquer outro assunto envolvendo suas condições pessoais não deveriam ser colocadas em pauta durante uma entrevista de emprego ou necessárias para garantir sua vaga na empresa, é preciso de muito trabalho para desconstruir a cultura de desvalorização da pessoa que necessita também cuidar de outras áreas além da profissional. Afinal, mães também são sinônimos de profissionais de qualidade.
Para saber mais e se cadastrar, basta clicar no link do site abaixo:
Ana Carolina Pavan